quarta-feira, julho 26, 2006

Não há pachorra

Confesso que já fartei-me de escutar a cantiga do conflito judaico-árabe (ou árabe-judaico), velho de décadas e que vem afectando a não-judeus e não-árabes por esse mundo fora. Sempre o mesmo: quem tem razão? quem é terrorista? quem é víctima? agressão gratuita? legítima defesa? assimetrias estímulo-resposta? quais mortos que entram na contabilidade? quem é cobarde? quem está do lado da "liberdade" e da "democracia" e, portanto, é hiperfixe; e quem o não é, e, portanto, merece ser amarrado ao pelourinho e vergastado exemplarmente? Os estados árabes são exactamente o que aparece nos mapas: ali estão, um ao lado do outro, para bem ou para mal. E o estado judeu? Muito mais do que o "Israel" que se vê no mapa, ali espremidinho entre o mar e a vizinhança árabe, o verdadeiro estado judeu existe em Washington, em Nova Iorque, em Los Angeles, em Londres, em Paris, em Zurique, etc., até em Viena d'Áustria e Francoforte. Numa especulação contra-fáctica, será que se o estado-de-Israel-do-mapa tivesse sido criado, digamos, na Terra do Fogo, ou na Califórnia, os árabes estariam agora a criar problemas para o nosso ético, unido e decidido "Ocidente"? Nos tempos que correm desconheço a existência de algum projecto islâmico para o domínio mundial. De facto não econtraria se quer os meios materiais para tão vasta empresa. Já no que diz respeito ao povo eleito - quer dizer, às suas élites tão activas - a coisa fia mais fino. O domínio da alta finança, da informação, o monopólio do "sofrimento" e da "moral" que tudo justifica, a capacidade de enviar à prisão as vozes discordantes da sua historiografia oficial, o incalculável poder de pressão sobre os governos, a promoção do mundialismo, as organizações do tipo CFR, Comissão Tri-Lateral, Bilderberg, etc. - tudo indica não só capacidade mas sobretudo empenho decidido em impor um modelo, o qual, definitivamente, não é o meu e não é o de muita gente - mas muita mesmo. Condenando por princípio a violência e lamentando todas as suas vítimas, sem discriminar entre as "boas" e as "más", entre as que dão direito a "lágrimas" e as que merecem o olvido, reconheço que o funcionamento do mundo é muito simples: 1) o direito internacional é a vontade do mais forte traduzida em lei; 2) a História é escrita pelo vencedor; 3) a razão está do lado daquele com força suficiente para a impor. Em resumo: o povo judeu agora sabe o que custa ter e defender um Estado.

2 Comments:

At 1:45 da manhã, Blogger Marcos Pinho de Escobar said...

Caro visitante:

Tenho andado distraído, é verdade, mas não inconsciente. Se há projecto islâmico para domínio mundial, então a malta é mesmo muito incompetente. Nem é uma questão de dinheiro, petrodólares ou mal comportamento em casa alheia. É questão de atingir os objectivos propostos, de eficiência, tout court. E os nossos amigos judeus são doutores e pós-doutores no assunto. As três verdades, de facto, são velhas como Matusalem mas nem por isso devemos deixar de repeti-las. Vá lá alguém ainda aprende alguma coisa com isso, além do povo eleito e dos seus dois amigaços, aqueles do esquadro & compasso e da foice & martelo. Talvez os muitos séculos de diáspora por esse mundo fora fizeram-nos esquecer quanto custa manter um Estado. Em compensação serviram para uma extraordinária especialização em como usar e minar os Estados alheios. Lamento discordar, mas estou convencido de que nesta iniciativa planetária ninguém ultrapassa o povo eleito. Pelo menos até a China vermelha sentir-se forte o suficiente para começar a dar as cartas decisivas. É esperar para ver. Não deve levar uma eternidade.

Saudações

 
At 11:29 da manhã, Blogger Miles said...

Ó Buíça, quantos pseudónimos é que V. usa?...

 

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