Descolonizador exemplar "fascinado" por Salazar?
O milionário descolonizador exemplar deixou o gentio baralhado. Não tive a desdita de ver o semblante do Judas dos ultramarinos na TV, mas, segundo informa o Aliança Nacional, o mesmo teria referido numa entrevista que estava a trabalhar numa biografia de Salazar, personagem que considerava “fascinante”, tendo governado por quarenta anos, etc. Ouve-se e não se acredita – será mesmo possível?
Ora quanto a biografia – trabalho de algum ghostwriter, já que a sumidade abrilesca nunca foi dada a muito esforço, a não ser do tipo honoris causa – não seria difícil imaginar o resultado: tratar-se-ia simplesmente de compor o retrato de Salazar através do seu exacto contrário. Aqui o biógrafo simplesmente assacaria os seus próprios defeitos e sombras à pessoa do biografado. Descolonizador exemplar = anti-Salazar; Salazar = anti-descolonizador exemplar. Fácil.
Relativamente ao repentino fascínio pelo antigo presidente do conselho, não seria de todo descabido formular algumas hipóteses:
1. Arterosclerose?
2. Alzheimer?
3. Demência senil?
4. Retorno da razão?
5. Arrependimento?
6. Sincera conversão?
7. Receio do juízo final?
8. Aldrabice e lábia larga de costume?
Para Antero da Silva Resende, director do finado “O Dia”, os próceres abrileiros, ao vislumbrarem no horizonte o inevitável ajuste de contas com a história, empregariam todos os meios possiveis e imagináveis para evitar a comparação com Salazar. Apavoram-se.
Franco Nogueira, na sua definitiva biografia de Salazar, escreveu (ja lá vai um bom quarto de século) que os abrileiros, quando distantes das câmaras e dos comícios, andavam mesmo é a estudar a vida de Salazar a fim de descobrir a receita para a sua longevidade política. Para o antigo chefe da diplomacia portuguesa o que estes sujeitos possuem mesmo é “ambição de mando”, algo que justamente não possuía Salazar.
Last but not least, recomendo vivamente o texto de Manuel Maria Múrias, em Salazar sem Máscaras (Nova Arrancada, Lisboa, 1998), onde pulveriza o descolonizador exemplar com uma ácida psicanálise do próprio, a partir do retrato que este traçara de Salazar, sobre quem curiosamente projectava os seus próprios complexos em relação ao progenitor.
Pessoalmente fico com uma combinação das hipóteses 8, 7 e 1, respectivamente com 70%, 20% e 10%. Aldrabice e lábia larga são atributos essenciais do multi-doutor honorário. Concedo porém que talvez uma arterosclerose tenha alterado o seu juízo. Como este sempre funcionou às avessas, é provável que a senilidade, na sua missão de baralhar e confundir a razão humana, esteja a provocar súbitos espasmos de endireitamento mental, levando o republicano-laico-socialista a vislumbrar, quem sabe, a hipótese de um juízo da história, uma comparação implacável da sua insignificância e da grandeza de Salazar, talvez até mesmo uma prestação de contas ao Criador.
Ora quanto a biografia – trabalho de algum ghostwriter, já que a sumidade abrilesca nunca foi dada a muito esforço, a não ser do tipo honoris causa – não seria difícil imaginar o resultado: tratar-se-ia simplesmente de compor o retrato de Salazar através do seu exacto contrário. Aqui o biógrafo simplesmente assacaria os seus próprios defeitos e sombras à pessoa do biografado. Descolonizador exemplar = anti-Salazar; Salazar = anti-descolonizador exemplar. Fácil.
Relativamente ao repentino fascínio pelo antigo presidente do conselho, não seria de todo descabido formular algumas hipóteses:
1. Arterosclerose?
2. Alzheimer?
3. Demência senil?
4. Retorno da razão?
5. Arrependimento?
6. Sincera conversão?
7. Receio do juízo final?
8. Aldrabice e lábia larga de costume?
Para Antero da Silva Resende, director do finado “O Dia”, os próceres abrileiros, ao vislumbrarem no horizonte o inevitável ajuste de contas com a história, empregariam todos os meios possiveis e imagináveis para evitar a comparação com Salazar. Apavoram-se.
Franco Nogueira, na sua definitiva biografia de Salazar, escreveu (ja lá vai um bom quarto de século) que os abrileiros, quando distantes das câmaras e dos comícios, andavam mesmo é a estudar a vida de Salazar a fim de descobrir a receita para a sua longevidade política. Para o antigo chefe da diplomacia portuguesa o que estes sujeitos possuem mesmo é “ambição de mando”, algo que justamente não possuía Salazar.
Last but not least, recomendo vivamente o texto de Manuel Maria Múrias, em Salazar sem Máscaras (Nova Arrancada, Lisboa, 1998), onde pulveriza o descolonizador exemplar com uma ácida psicanálise do próprio, a partir do retrato que este traçara de Salazar, sobre quem curiosamente projectava os seus próprios complexos em relação ao progenitor.
Pessoalmente fico com uma combinação das hipóteses 8, 7 e 1, respectivamente com 70%, 20% e 10%. Aldrabice e lábia larga são atributos essenciais do multi-doutor honorário. Concedo porém que talvez uma arterosclerose tenha alterado o seu juízo. Como este sempre funcionou às avessas, é provável que a senilidade, na sua missão de baralhar e confundir a razão humana, esteja a provocar súbitos espasmos de endireitamento mental, levando o republicano-laico-socialista a vislumbrar, quem sabe, a hipótese de um juízo da história, uma comparação implacável da sua insignificância e da grandeza de Salazar, talvez até mesmo uma prestação de contas ao Criador.
2 Comments:
Há um blog chamado "CONVERSÕES AO CATOLICISMO" , lendo=o vc vê q muitos daqueles q eram ateus e anti-clericais ao sentirem a morte n gargnte se julgm mais humildes e menos soberbos e se convertem pedido perdão a Deus ee aos homens, quem não se lembra "Já Bocage não sou a cova escura...."Quero dizer q o medo da comparação com o vulto excelentíssimo de Salazar leva os abrilistas patricidas e ardilosos a de certa maneira pedirem perdão pelo mal q fizeram a imagem do estadista.Da mesma forma q os convertidos, mas a conversão a hora da morte é sincera e esta do "Dr" Má rio Só Ares é apenas por interesse, por que vê-se q Portugal aos poucos acorda e se liberta das correntes manipildoras da esquerda, na seção mais importante , a juventude.
Este comentário dá origem a um post no Orgulhosamente Só.
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