Memória hemiplégica
De regresso, encontro a Argentina imersa em um novo feriado, destinado a recordar os trinta anos volvidos sobre o golpe militar de 24/3/1976. Em meio a bandeiras com a efígie do Che Guevara, gritos de "nunca más" e vandalismos vários às portas das casas de sobreviventes do regime caído, recordam-se os mortos, torturados ou desaparecidos, vítimas da sanha repressora. Entretanto, nem uma só palavra a respeito dos assassinados pela terrorismo e pela guerrilha, que matava, sequestrava e largava bombas com um escandaloso à-vontade, muito antes dos malvados militares assaltarem o Estado. Entre maio de 73 e março de 76, mais de 1500 pessoas foram abatidas, mais de 900 foram "desaparecidas", 6500 atentados foram perpetrados -- note-se: em pleno governo eleito, democrático e constitucional. Neste período de poder peronista foi dada, por primeira vez, a ordem oficial de utilizar as FFAA para aniquilar o terrorismo e a guerrilha em zonas rurais, enquanto grupos para-estatais se encarregavam de combater a subversão urbana com os mesmos métodos utilizados por esta.
Dia da memória? Ora com certeza, mas nada de memória hemiplégica: uma memória completa, se faz o favor.
Mais adiante, e com mais calma, trarei aqui alguns textos e dados sobre este período traumático da história argentina -- e de tantos povos! --, quando o adversário foi transformado em inimigo absoluto.
Aqui dois textos bastante interessantes sobre o tema, publicados em La Nación, de Buenos Aires: o primeiro pelo politólogo Rosendo Fraga, o segundo pelo escritor Juan José Sebreli.
Dia da memória? Ora com certeza, mas nada de memória hemiplégica: uma memória completa, se faz o favor.
Mais adiante, e com mais calma, trarei aqui alguns textos e dados sobre este período traumático da história argentina -- e de tantos povos! --, quando o adversário foi transformado em inimigo absoluto.
Aqui dois textos bastante interessantes sobre o tema, publicados em La Nación, de Buenos Aires: o primeiro pelo politólogo Rosendo Fraga, o segundo pelo escritor Juan José Sebreli.
2 Comments:
Meias verdades, é assim que se vive na vermelha América latina.
Ainda bem que voltou, já tinha saudades dos seus textos.
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