sábado, outubro 29, 2005

Os chorões de Mar del Plata


Trinta e quatro presidentes americanos reunir-se-ão dias 4 e 5 de novembro no balneário argentino de Mar del Plata – é a quarta edição da Cimeira das Américas. Desta vez o pomposo lema do mediático encontro é “criar trabalho para combater a pobreza e fortalecer a governabilidade democrática”. De facto, muitos dos participantes são grandes especialistas do combate à pobreza: tornaram-se bilionários da noite para o dia. Cumpre igualmente referir que, embora hoje em dia não se organize nenhum regabofe internacional sem referências explícitas à sacrossanta democracia, certamente nada será dito sobre os democratérrimos perfis dos governantes alinhados no Foro de São Paulo – organização coordenadora do movimento comunista nas Américas, fundada pelo imaculado presidente brasileiro, o Sr. Silva, e pelo leader máximo cubano, o modelar Fidel Castro. Este primor de iniciativa – expoente da liberdade, da democracia, dos direitos humanos e de tudo o que é lindo no ideário da revolução francesa – inclui membros de luxo como a guerrilha rural brasileira Movimento dos Sem-Terra (MST), amplamente apoiada pelos governos anterior (Cardoso) e actual (Silva); a narco-guerrilha marxista colombiana Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC); o Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR), grande especialista chileno em sequestros e assasínios; o Sendero Luminoso, versão peruana do terrorismo maoísta; os guerrilheiros Tupamaros, hoje governo uruguaio; etc. Mas voltemos à cimeira marplatense. A movimentação de dispositivos militares para a segurança dos figurões, especialmente George Bush, é a maior desde a guerra das Malvinas, em 1982. Dizem que o venezuelano Chávez, com os seus infinitos petrodólares para expandir continentalmente o socialismo bolivariano, e o honesto e erudito brasileiro Sr. Silva, convencido de liderar a “mais grande” potência mundial, não querem ficar atrás e virão equipadíssimos, tal qual nababos crioulos. Bush, como é regra geral, será o convidado de honra: bombas em alvos associados com os EUA e manifs de criaturas patibulares já vêm sendo ensaiadas há algum tempo. Suspeitam alguns diplomatas aqui acreditados que o caudilho caraquenho vem preparado para infernizar a estadia do presidente estadounidense, o que, de verificar-se, será motivo para gargalhadas a bandeiras desbragadas. Enfim... discursos e mais discursos, recriminações aos EUA, resoluções grandiloquentes, fotos de família, jantaradas regadas a champagne e toneladas de publicidade demagógica pessoal. Com raríssimas e honrosas excepções será mais do mesmo dê-me-mais-dinheiro-seu-porco-imperialista, tão ao agrado do terceiro-mundismo iberoamericano que regressou em força com o eixo Havana-Caracas-Brasilia-Buenos Aires-Montevideo. A festa mal começou.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Insolência escandalosa


Até que ponto pode chegar a falta de vergonha das criaturas que esquartejaram a Nação Portuguesa e atiraram povos inteiros ao holocausto, em nome de uma maldita ideologia assassina? Por serem comunistas, socialistas, liberais, estrangeirados, indiferentes, aproveitadores ou o raio que os parta, o que interessa é que obraram activa ou passivamente neste crime hediondo e sem perdão que dá pelo nome de “revolução dos cravos”. Crime hediondo e sem perdão, não porque derrubou-se de um sopro um regime que já havia entrado em descomposição a partir do afastamento de Salazar, mas por destruir o corpo físico e moral da Nação (sim, démodé, ainda escrevo o vocábulo com maiúscula) e provocar a morte de milhões de inocentes. Concorde-se ou não com o conceito de um Portugal euro-ultramarino – realidade concreta durante dois terços de vida nacional, o que, decerto, não é de pouca monta –, idolatre-se ou não a aurora das “amplas liberdades”, NADA poderia justificar o crime praticado por esta cáfila que assaltou o Estado a 25 de abril de 1974 e fez jorrar oceanos de sangue da Guiné a Timor. Se neste resto de Portugal transformado abrilisticamente em provinciazita castelhana, em algum dicionário ainda existisse a palavra “vergonha”, indivíduos como Almeida Santos, “descolonizador exemplar”, não estariam a passear-se por aí, a exibir a sua sinistra soberbia e a debitar frases de efeito escandalosamente mentirosas. Até à tumba insistirão em lançar os seus coices para cima de Salazar, como acaba de fazer – pela trilionésima vez – em entrevista ao DN o antigo “coordenador inter-territorial” e milionário advogado “moçambicano”. Compreende-se. Salazar representa exactamente o contrário desta cambada: defendeu a integridade da Pátria, as vidas e a dignidade das populações que confiavam na protecção da bandeira das quinas. Eles fizeram o oposto e o resultado está à vista – daí a raiva. Da justiça dos homens, frequentemente uma apoteose de patifaria, podem safar-se, mas do julgamento Divino não escaparão.

terça-feira, outubro 18, 2005

Frédéric Le Play


Em tempos de promoção de ódios e antagonismos vários, escravidão materialista e relativismo moral, recomenda-se aqui a leitura de Frédéric Le Play (1806 – 1882), engenheiro de minas e cientista social de nomeada, um dos principais antecedentes intelectuais para a formação do pensamento de Salazar.

Em obras como Ouvriers européens (1855), Réforme sociale (1863) e Constitution essentielle de l'humanité (1881), Le Play dedicou-se ao estudo das causas da paz social e da prosperidade das nações. Preocupado fundamentalmente com os factores subjacentes ao bem-estar das sociedades, buscou, sempre numa perspectiva católica, um modelo para alcançar o progresso material e moral dos trabalhadores em um contexto de harmonia e paz social. Considerando a família a verdadeira “molécula social” e a pequena propriedade um factor de estabilidade, Le Play atribuía uma clara responsabilidade social à riqueza e alertava, em forma verdadeiramente profética, para os perigos que adviriam da prosperidade material dos povos caso esta viesse acompanhada pelo esvaziamento da vida moral.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Ezra Pound


Ezra Pound aliou um extraordinário talento – a rara proeza de por em palavras o que está além das palavras – com uma vastíssima cultura e tornou-se uma dos maiores poetas de sempre. Verdadeiramente revolucionário, tratou a poesia como escultura, sobrepondo imagens, formas, matérias e texturas. Foi fundador do movimento Imagista, executor do Vorticismo na literatura, tradutor, editor, ensaísta, polemista, descobridor de talentos como Joyce e Eliot, conselheiro de Yeats e mentor de Hemingway, etc.

Pound considerava que a usura e o grande capital internacional apátrida estavam na raíz dos grandes males que afligiam a humanidade, da subversão das sociedades tradicionais à corrosão das nações e às guerras. Cometeu o imperdoável crime de alinhar com Mussolini e fazer transmissões radiofónicas a partir da Itália, na defesa do fascismo e a denunciar o judaísmo internacional. Preso e mal tratado ao fim da guerra, é levado aos EUA para ser julgado por crime de traição à pátria. Declarado “mentalmente incapaz” de submeter-se a julgamento, Pound é incarcerado num hospital psiquiátrico de Washington, de onde sai, doze anos mais tarde, na sequência de uma intensa campanha pela sua libertação levada a cabo por um grupo escritores e artistas, dentre os quais Ernest Hemingway.

É assim que, muitas vezes, a “Liberdade” e a “Democracia” calam os indesejáveis mais conhecidos: com rótulos de “louco”, com a prisão, com os boicotes mediáticos e profissionais, com os assassínios de carácter. Outras vezes vão mais além...

Já com aqueles inseridos na marcha "progressista" da história o tratamento é nababesco. Belo exemplo disto temos em casa com o sinistro ganhador do Nobel e escrivinhador comunista, cujo nome e carantonha já derrancam o estômago aos vómitos de nojo. Em tempos de abrilada, ao invadir um expropriado Diário de Notícias para transformá-lo num miserável Pravda português e fazer a apologia do comunismo soviético e o branqueamento dos crimes perpetrados na Metrópole e no Ultramar, faz expulsar – desde os bastidores, pois a cobardia física não dava para mais – vinte quatro honrados jornalistas que recusam falsificar a verdade. Por conta da sua folha de serviços prestados à ideologia mais assassina da história o maldito erva-daninha estalinista é apaparicado pelo mundo fora e galardoado com a farsa nobelesca.

sábado, outubro 08, 2005

Santos da Casa

Efusivos parabéns ao Santos da Casa, que hoje completa - em grandíssima forma - o seu primeiro ano na rede. Absoluta excelência no que diz e na forma como o diz. Uma referência obrigatória.

Conversões



Há uma teoria que filia a maçonaria na Ordem do Templo. Os cavaleiros templários, monges-guerreiros dispostos a dar a vida pela fé em Cristo, ter-se-iam desvirtuado e, após as perseguições, os castigos impostos pela Igreja e a dissolução da ordem, encetaram caminho inverso, nutridos pelo sentimento de vingança à religião e ódio ao Criador, terminando por uma aliança com as forças das trevas e a criação da seita maldita.

Conversões como estas, uma “estrada de Damasco” ao contrário, não deixam de causar grande perplexidade, sobretudo pelo impacto extraordinário que tiveram na vida dos povos no correr dos séculos.

Guardadas as devidas proporções e sem presunção de comparação definitiva, na conturbada vida política Argentina houve uma espantosa conversão que até aos dias de hoje é motivo de especulações sem conta. Como foi possível que de organizações de cunho católico, nacionalista e até mesmo contra-revolucionário, saíram elementos que acabaram por abraçar o marxismo como explicação da realidade e o terrorismo e/ou guerrilha como a vía para a construção da “pátria socialista”?

Tacuara, o movimento nacionalista católico de referência, anti-comunista e anti-semita, naturalmente rotulado “fascista”, “falangista” ou “nazi” por adversários de variada extracção, acabou dividido, com boa parte convertida ao marxismo de versão castrista ou trotskysta. Montoneros, a emblemática organização esquerdista de guerrilha urbana que irrompeu de forma espectacular em 1970, com o sequestro e a execução do ex-presidente Gen. Pedro Eugénio Aramburu, apresentava como fundadores e dirigentes indivíduos oriundos do nacionalismo católico.

Ah, mas virão os liberaloides a dizer que os “extremos” terminam por tocar-se; a esquerdalhada a afirmar que estes felizardos, num despertar de “consciência de classe”, acabaram por compreender a verdade; outros, ainda, num arroubo de erudição psicanalítica afirmarão que os muchachos precisavam mesmo de extravasar violentamente a tensão dos conflictos inter-geracionais, etc.

Eu, too old, too fat and too old-fashioned, fico-me mesmo com a explicação da constante luta entre o Bem e o Mal e da facilidade com a qual o príncipe da mentira, por artimanhas absolutamente incríveis, consegue muitas vezes conquistar até mesmo aqueles que, em teoria, estariam doutrinariamente blindados.

quarta-feira, outubro 05, 2005

O último Rei autêntico


A república não nasce a 5 de outubro de 1910, mas sim na traição de um príncipe português grão-mestre da maçonaria e financiado pelo imperialismo inglês. Nasce da derrota da Legitimidade e da Tradição encarnadas por el-Rey D. Miguel aclamado. Tudo o que veio a seguir é apenas o processo que, por etapas, levou Portugal da república coroada das monarquias de fantasia à república carbonária de cujo rosto caiu a máscara – caída no charco de sangue de um duplo e cobarde assassínio. Hoje, oferece-se aqui a homenagem a D. Miguel, D. Carlos e D. Luís Filipe.

domingo, outubro 02, 2005

Um “não” à traição e ao abandono


Quando o governo francês – democratérrimo, republicaníssimo, símbolo máximo da trilogia de 1789 – resolve ignorar o resultado do plebiscito de setembro de 1958 e abandona as populações da Argélia às mãos dos terroristas do FNL, houve quem ousou dizer não à traição e ao abandono (recorde-se o giro de cento e oitenta graus executado pelo mesmo de Gaulle dos “vivas” à Argélia francesa). Um destes franceses dignos do nome foi o General Raoul Salan. Brilhante militar, com o peito coberto por condecorações e uma invejável folha de serviços repleta de menções elogiosas, recusou-se a assistir passivamente à amputação da Argélia francesa, onde várias gerações de europeus e muçulmanos mourejaram na construção da pátria comum. Entre ser cúmplice de de Gaulle no martírio da Argélia, Salan prefere ficar do lado das populações e da pátria que havia jurado defender. Contra a traição e o abandono opta por entrar na luta clandestina ao comando da OAS – Organisation de l’Armée Secrète. Começam os ajustes de contas e à violência levada a cabo pelo governo, decidido a apoiar os terroristas assassinos de quem era fiel à França, a OAS responde com a mesma violência. De Gaulle, alvo primordial, consegue escapar ileso a um espectacular e cinematográfico règlement de comptes. Nas próprias palavras de Salan, a violência exercida pelo grupo que chefiou foi a resposta ao pior tipo de violência que pode existir e que consiste em “arrancar” a nacionalidade àqueles que recusam perdê-la. Em abril de 1962, após um ano na clandestinidade, Salan é preso e, no mês seguinte, é condenado à prisão perpétua. Em junho de 1968 é libertado graças a um indulto do próprio de Gaulle.

Como é possível que após meio milénio de Portugal euro-ultramarino não tenha surgido nenhum Salan, nenhuma OAS, para tentar evitar a hecatombe que sobre nós se abateu e nos destroçou para todo o sempre? Como pode ser que não haja surgido ninguém disposto a ajustar contas com os responsáveis pela traição que esfacelou Portugal e atirou milhões de pessoas à morte e à miséria? Pelo contrário: os traidores, os delincuentes e os patifes de toda ordem vêm sendo ouvidos, respeitados e premiados há trinta e um anos. A que ponto pode chegar a descomposição generalizada de um povo, de uma vontade nacional!

Para quem desejar conhecer em detalhes a vida deste guerreiro fiel ao juramento que prestou, bem como a história real do vergonhoso abandono da Argélia: http://www.salan.asso.fr/