quinta-feira, outubro 13, 2005

Ezra Pound


Ezra Pound aliou um extraordinário talento – a rara proeza de por em palavras o que está além das palavras – com uma vastíssima cultura e tornou-se uma dos maiores poetas de sempre. Verdadeiramente revolucionário, tratou a poesia como escultura, sobrepondo imagens, formas, matérias e texturas. Foi fundador do movimento Imagista, executor do Vorticismo na literatura, tradutor, editor, ensaísta, polemista, descobridor de talentos como Joyce e Eliot, conselheiro de Yeats e mentor de Hemingway, etc.

Pound considerava que a usura e o grande capital internacional apátrida estavam na raíz dos grandes males que afligiam a humanidade, da subversão das sociedades tradicionais à corrosão das nações e às guerras. Cometeu o imperdoável crime de alinhar com Mussolini e fazer transmissões radiofónicas a partir da Itália, na defesa do fascismo e a denunciar o judaísmo internacional. Preso e mal tratado ao fim da guerra, é levado aos EUA para ser julgado por crime de traição à pátria. Declarado “mentalmente incapaz” de submeter-se a julgamento, Pound é incarcerado num hospital psiquiátrico de Washington, de onde sai, doze anos mais tarde, na sequência de uma intensa campanha pela sua libertação levada a cabo por um grupo escritores e artistas, dentre os quais Ernest Hemingway.

É assim que, muitas vezes, a “Liberdade” e a “Democracia” calam os indesejáveis mais conhecidos: com rótulos de “louco”, com a prisão, com os boicotes mediáticos e profissionais, com os assassínios de carácter. Outras vezes vão mais além...

Já com aqueles inseridos na marcha "progressista" da história o tratamento é nababesco. Belo exemplo disto temos em casa com o sinistro ganhador do Nobel e escrivinhador comunista, cujo nome e carantonha já derrancam o estômago aos vómitos de nojo. Em tempos de abrilada, ao invadir um expropriado Diário de Notícias para transformá-lo num miserável Pravda português e fazer a apologia do comunismo soviético e o branqueamento dos crimes perpetrados na Metrópole e no Ultramar, faz expulsar – desde os bastidores, pois a cobardia física não dava para mais – vinte quatro honrados jornalistas que recusam falsificar a verdade. Por conta da sua folha de serviços prestados à ideologia mais assassina da história o maldito erva-daninha estalinista é apaparicado pelo mundo fora e galardoado com a farsa nobelesca.

1 Comments:

At 1:33 da tarde, Blogger Paulo Cunha Porto said...

Caríssimo Euro-Ultramarino:
É verdade, a loucura de Pound foi bem ofensiva da dignidade da Figura, mas foi também um compromisso que agradou às autoridades, porque, para elas, só a um louco poderiam repugnar as maravilhas da civilização "yank"; e aos seus próximos, com Eliot à cabeça, que viram na coisa o meio prático de subtraí-lo ao julgamento e possível execução. Lembro o misto de amargura e reconhecimento, nas suas palavras, quando perguntado sobre o que achava de T.S.E., um tão grande amigo, o procurar dar como doido: «se é o que o Sr. Eliot está a fazer, é o que deve ser feito. O Senhor Eliot faz sempre o que deve ser feito».
O resto, a jaula e as limitações de comunicação, são as misérias da crueldade (des)humana.
Um abraço.

 

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