segunda-feira, setembro 19, 2005

Salazar, Charles Boxer e outro desinformador brasileiro


Carta enviada ao diário “Jornal do Brasil” do Rio de Janeiro (29-08-01) em resposta a artigo sobre o ex-espião e historiador britânico Charles Boxer – acérrimo crítico da presença portuguesa d’além-mar –, no qual o pobre articulista aproveita para despejar o seu par de coices de asno ignorante sobre a memória de Salazar.

"Senhores,

Em artigo de autoria do Sr. Cláudio Figueiredo, intitulado “Brasilianista que o Brasil esqueceu” (JB 21/8/01), afirma-se que o historiador inglês, Prof. Charles Boxer, “questionou o mito salazarista sobre a harmonia racial no império português” e “desmontou”, através de trabalho editado em 1963, “a ideologia do Estado Novo português da época”.

Lê-se e não se acredita! É simplesmente hilariante que sobre o povo que criou o “mulato” sejam agora lançadas acusações de racismo. E que a iniciativa parta de anglo-saxões torna o gracejo ainda mais divertido. Já o Sr. Figueiredo, autor da matéria, demonstra a sua abissal ignorância a respeito dos quase seis séculos de presença ultramarina portuguesa, do governo e da pessoa do Prof. Oliveira Salazar.

A integração racial no Ultramar português não foi “mito salazarista” ou “ideologia” estado-novista como deseja o jornalista, mas política do Estado e incontestável realidade multissecular, praticada desde o início da gesta dos Descobrimentos, nos alvores do século XV. E Salazar estava rigorosamente certo quando afirmou que noções de superioridade ou discriminação jamais estiveram presentes na construção das sociedades portuguesas d’além-mar. A expansão ultramarina lusa, além de pioneira, foi acentuadamente diferente da acção empreendida, bem mais tarde, por outros povos europeus: tinha por linhas mestras a missionação na Fé em Cristo, a miscigenação racial, a interpenetração de culturas, a integração numa mesma nação.

Citando o biógrafo de Boxer, o articulista refere ainda que documentos “comprometedores” — indicando a existência de discriminação racial no Império — teriam sido destruídos a mando do governo. E acrescenta que esta informação veio ao de cima com a revolução dita dos cravos. Total absurdo! Será isto apenas irresponsável desconhecimento dos factos ou propositada má-fé? A verdade é que não só as fontes documentais sempre estiveram franqueadas a pesquisadores portugueses e estrangeiros mas o próprio Ultramar estava aberto à visitação de milhares de observadores estrangeiros que, deslocando-se à vontade pelos vários territórios, puderam avaliar a realidade palpável da vida diária. Desinformar, manipular, mentir, destruir arquivos e falsificar a História são apanágio dos gloriosos artífices da revolução cravícola e dos seus herdeiros.

Quem conheceu o antigo Ultramar português — antes, é claro, da hecatombe comunista de 1974 e do consequente morticínio de milhões de inocentes — sabe muito bem do que falo, pois teve a oportunidade de observar sociedades nas quais brancos, negros, asiáticos e mestiços de vária ordem conviviam naturalmente integrados, sem que factores como “raça” e “cor” servissem de algum tipo de critério.

Dê o Sr. Figueiredo uma boa olhadela à sua volta, visite qualquer canto do Brasil e repare bem o que significou miscigenação racial e interpenetração de culturas — duas originalidades da acção colonizadora portuguesa, mas que no seu artigo prefere rotular de “mito salazarista”. É devido a este modo português de estar no mundo, e não por mero acaso, que o mais alto magistrado e o mais poderoso empresário deste país sejam produto de um caldeamento de raças, sem que ninguém, ontem ou hoje, desse por isso. E isto vale incomparavelmente mais do que as abstracções académicas ou os ranços ideológicos de quem quer que seja.

Toda acção humana, por melhor intencionada que seja, está sujeita a erros. Haverá forçosamente um passivo a confrontar um activo. Importa conhecer as intenções à partida e aferir o balanço final. E por um imperativo de honestidade intelectual — que nos dias de hoje encontra-se em extinção — cumpre diferenciar entre aquilo que é a constante, a prática generalizada e o que é a excepção, a ocorrência isolada. Relativamente à extroversão lusa no mundo, não há nenhuma dúvida de que o balanço lhe é francamente positivo, extraordinariamente positivo. Nenhum outro povo fez primeiro, ou mais ou melhor.

O Sr. Figueiredo qualifica Salazar de “ditador”. Será porque o estadista cortou o passo ao comunismo e às ideologias dissolventes? Porque exerceu a necessária e legítima autoridade dentro dos limites da moral cristã e do direito, ciente de que sem Deus, fora da Pátria e da Família não existe nada de válido, de autêntico, de duradouro? Porque sendo uma das maiores inteligências da História, viveu uma vida de absoluta integridade e total dedicação ao país? Porque garantiu o pão, a paz, o progresso material, a dignidade do povo que governava, os interesses reais e os direitos seculares de Portugal? Parece mesmo que Salazar tem de ser “ditador”: só assim Fidel Castro e criaturas semelhantes podem ser carinhosamente tratados como “presidentes” pela generalidade dos meios de comunicação.


Com os meus melhores cumprimentos"

2 Comments:

At 7:07 da manhã, Blogger acja said...

A história fala por si.

 
At 12:47 da manhã, Blogger Conde Loppeux de la Villanueva said...

Caríssimo Escobar

Achei interessante sua exposição, pq atualmente existe uma campanha sórdida aqui no Brasil de "racialização" da cultura brasileira. Até um tempo atrás, todos nós, povos mestiços moldados pela gloriosa expansão imperial portuguesa, estamos sendo fragmentados por uma ideologia comunista transformada em luta de raças. Ou seja, o povo brasileiro, que é mestiço e integrado, agora está sendo induzido pelo governo a odiar as suas origens e a sua colonização. Precisa alimentar arquétipos raciais inexistentes, fabricados por ongs americanas afro-racistas, para destruir o nosso conceito de identidade, pautada na integração harmoniosa entre os povos.

Desde já, se quiser contactar-me, pegue meu email

condeloppeux@hotmail.com

grande abraço.

 

Enviar um comentário

<< Home