O barco dos parvos
Certa vez Salazar, referindo-se à vergonha da I república, disse que a política se havia transformado numa actividade pouco digna, para a satisfação de interesses pessoais, apetites de grupos e caprichos das massas. Corrupção em larga escala, enriquecimento à velocidade da luz, nepotismo e clientelismo às carradas, negociatas hollywoodianas, demagogia permanente e na sua versão mais ordinária – constituem o retrato da imensa maioria dos ilustres membros deste areópago indecente que dá pelo nome de Nações (Des)Unidas e que tanto mal vem causando à humanidade desde a sua criação. Mas não é apenas a brigada terceiro-mundista que anda a ostentar tão excelsas qualidades. No chamado primeiro-mundo – a caminho accelerado em direcção ao terceiro – são muitos aqueles que, certamente em diferentes graus, afinam pelo mesmo diapasão. Vejamos, por exemplo, Portugal e a passagem pelo poder de emblemáticas personalidades (denominação um tanto pomposa, reconheço, para a maioria). É injusto, é cobarde, bem sei, mas... compare-se o antes e o depois da hecatombe abrilina. Compare-se o sacrifício pessoal que no Estado Novo impunha o desempenho da função de servir a nação, com a festança, o regabofe e as conezias proporcionadas pelo direito pessoal de servir-se da nação. Compare-se o viver modesto dos governantes de antanho com as vidas de estadão dos mediáticos liquidantes e gestores do que resta de Portugal. Compare-se o absoluto respeito por uma escrupulosa separação das esferas pública e privada na realização de gastos com o viver à grande e à francesa com os dinheiros dos infelizes pagadores de impostos. Não, não avancemos mais no tema. É por demais malvado com os egrégios artífices que nos libertaram do malfadado colonial-fascismo e promoveram a invejável grandeza do Portugal de aquém e além-mar.
4 Comments:
Salazar morreu paupérrimo, desapegado a vida material como homem superior q era.E Mário, Álvaro,Gomes......ricos e fartos.
Caro Euro-Ultramarino, a propósito do seu excelente artigo sobre a honradez do Prof. António de Oliveira Salazar, anuncio-lho que faleceu, aqui em Lisboa, um antigo Ministro daquele, o Prof. Antunes Varela, Mestre que me ensinou a sua ciência e ainda ma ensina, através dos seus eternos livros.
Transcrevo-lhe a pequena notícia do “Diário de Notícias” (também no BLOG “Último Reduto” ali se dá conta desta infausta notícia):
"Do Código Civil e da cátedra coimbrã
João de Matos Antunes Varela faleceu ontem [28 Setembro 2005]em Lisboa, aos 85 anos. Natural de Ervedal (Avis), Antunes Varela foi ministro da Justiça entre 1954 e 1967. Licenciado e doutorado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi responsável pela formação em diversas áreas do Direito Civil. A sua obra maior foi a produção e aprovação do Código Civil de 1966, hoje ainda em vigor, com várias alterações e adaptações. Na sua tomada de posse como ministro da Justiça, em Agosto de 1954, Antunes Varela garantia que iria estimular os trabalhos de preparação do novo Código, "tão necessário ao progresso das nossas instituições jurídicas". Depois do 25 de Abril leccionou no Brasil, tendo regressado no final dos anos 70 para voltar à cátedra da Universidade de Coimbra, onde rapidamente se reafirmou como pedagogo e comunicador ímpar. Jurisconsulto dos mais citados no direito português, as suas obras 'Das Obrigações em Geral' e 'Código Civil Anotado' foram, e são, referências incontornáveis para a jurisprudência civilista portuguesa. Afirmando-se como "republicanista", Antunes Varela chegou a ser dado como provável sucessor de Salazar, mas o próprio confessaria anos mais tarde que nunca se terá interessado deveras pelo lugar.
Constato, caro Euro-Ultramarino, com muita mágoa,que estamos cada vez mais pobres aqui em Portugal, reduzidos ao nosso pequeno rectângulo, nas mãos da Maçonaria, e sem dirigentes com rasgos de génio! Homens providenciais e com o sentido da História apenas no Estado Novo!
Delfim Lourenço Mendes
Caro Delfim,
28 de setembro: data de triste memória a vários títulos. Lamento muito o falecimento do Prof. Antunes Varela. É mais uma referência do Portugal de antes que se apaga no mundo físico. Um Portugal no qual a craveira intelectual e a rectidão do carácter andavam juntos no exercício governativo; onde desempenhar um cargo público significava sacrifício pessoal e o interesse nacional acima de tudo.
Caro Euro-Ultramarino,
são belas, como sempre, as suas palavras. No Portugal de hoje, já quase se não escreve assim.
A nostalgia, com efeito, consome-nos, pois vemos desaparecer um mundo de homens valorosos.
Posso dizer-lhe que a imprensa de Lisboa está a fazer uma autêntica censura sobre o falecimento do Professor.
Todavia, os nossos ideais, Deus Pátria e Família, nunca desaparecerão!
Um Abraço,
Delfim Lourenço Mendes.
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