"Drowning by numbers"
Estava eu a escrevinhar um "post" sobre os números (reais) das eleições presidenciais quando deparo com o trabalho extremamente bem-feito do Bic Laranja.
Como subjacente à democratite está a absoluta submissão à ditadura imposta pela aritmética, o sistema partidocrático deveria fazer a devida leitura dos números, levando em minuciosa conta os "votos" expressos pela abstenção.
A verdade é que quem recebeu mais votos na eleição presidencial foi justamente a abstenção. 37.39% dos eleitores inscritos julgaram que não havia interesse em participar da "festa da democracia", como rotulam os brasucas o acto eleiçoeiro. Se consideramos a abstenção, Cavaco Silva chega em segundo lugar, com 31.09%; o Alegre companheiro de terroristas assassinos de portugueses vem em terceiro, com 12.74%; o insuperável e inevitável descolonizador exemplar aparece em terceiro, com 8.81%; etc. Mas os escravos da aritmética virão dizer que ao gentio lhe foi dada a liberdade -- perdão! esta foi uma gloriosa conquista -- de exercer o lindo direito de voto e que, no pacote, estava incluída a possibilidade de o não fazer. Não quererão nunca ver que, se calhar, o povo já começa a fartar-se deste sistema partidocrático e do seu ramerrão ultrapassado. Mas não. Preferem ignorar democrática, olímpica e aritméticamente a existência destes 37.39% de maus cidadãos, paupérrimos em espírito republicano.
Outro aspecto curioso é que, grosso modo, metade dos votos enfiados nas urnas estava endereçada a indivíduos assumidamente de esquerda, extrema-esquerda, adeptos de Marx, de Trotsky, e de outros cromos da vasta colecção destas bandas. A outra metade foi para um candidato que, pelo que saiba, nunca declarou-se de direita -- nem ele nem os seus sócios. Portanto, a pergunta a fazer é esta: existe direita em Portugal?
1 Comments:
Sobre a democracia, nada como relembrar Pierre Sidos: «uma cabeça vale mais que dois pés»...
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