quarta-feira, setembro 28, 2005

O barco dos parvos


Certa vez Salazar, referindo-se à vergonha da I república, disse que a política se havia transformado numa actividade pouco digna, para a satisfação de interesses pessoais, apetites de grupos e caprichos das massas. Corrupção em larga escala, enriquecimento à velocidade da luz, nepotismo e clientelismo às carradas, negociatas hollywoodianas, demagogia permanente e na sua versão mais ordinária – constituem o retrato da imensa maioria dos ilustres membros deste areópago indecente que dá pelo nome de Nações (Des)Unidas e que tanto mal vem causando à humanidade desde a sua criação. Mas não é apenas a brigada terceiro-mundista que anda a ostentar tão excelsas qualidades. No chamado primeiro-mundo – a caminho accelerado em direcção ao terceiro – são muitos aqueles que, certamente em diferentes graus, afinam pelo mesmo diapasão. Vejamos, por exemplo, Portugal e a passagem pelo poder de emblemáticas personalidades (denominação um tanto pomposa, reconheço, para a maioria). É injusto, é cobarde, bem sei, mas... compare-se o antes e o depois da hecatombe abrilina. Compare-se o sacrifício pessoal que no Estado Novo impunha o desempenho da função de servir a nação, com a festança, o regabofe e as conezias proporcionadas pelo direito pessoal de servir-se da nação. Compare-se o viver modesto dos governantes de antanho com as vidas de estadão dos mediáticos liquidantes e gestores do que resta de Portugal. Compare-se o absoluto respeito por uma escrupulosa separação das esferas pública e privada na realização de gastos com o viver à grande e à francesa com os dinheiros dos infelizes pagadores de impostos. Não, não avancemos mais no tema. É por demais malvado com os egrégios artífices que nos libertaram do malfadado colonial-fascismo e promoveram a invejável grandeza do Portugal de aquém e além-mar.

terça-feira, setembro 27, 2005

A Vendeia mexicana


Proibição da educação religiosa nas escolas, desactivação de seminários e conventos, expropriação dos bens eclesiásticos, interdição do uso de vestimentas religiosas na via pública, proibição de qualquer manifestação de religiosidade fora do recinto das igrejas, supressão da liberdade de expressão e do direito de voto do clero, etc. Acrescente-se que numa linda época de liberdade, igualdade e fraternidade o massacre de sacerdotes e fiéis durante o culto era algo corriqueiro.

Assim era o México em 1926, quando surge um pequeno exército de camponeses decididos a reconquistar a liberdade de praticar a religião católica, colocada fora da lei, havia tempos, pelos governos maçónicos rançosos de sectarismo. Conhecidos como Cristeros, em 1929 eram já 50.000 fiéis dispostos a dar a vida pela fé em Cristo e dominavam três quartos do território habitável do país.

Em 21 de junho de 1929 dá-se a conhecer um acordo negociado pelo episcopado mexicano e o governo, o qual estipula um cessar-fogo imediato e incondicional e o reinício do culto público.

Vários milhares de Cristeros obedecem e são chacinados. A seguir o episcopado mexicano anuncia a excomunhão de todos os sacerdotes vinculados aos Cisneros.

Entre 1934 e 1937 outra cruzada é iniciada pelos sobreviventes. Desta vez todos os Cristeros são excomungados – e devidamente eliminados. Pouco depois Pio XI lamenta o ocorrido e culpa o comunismo, sem dizer uma só palavra a respeito da maçonaria.

Como se explica esta dupla traição vinda de Roma? Estava já a seita satânica infiltrada na cidadela pontifícia? Triste preview of coming attractions do fatídico concílio Vaticano II – a recepção solene da revolução no seio da Igreja. O resto já se conhece.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Guerra à antiga portuguesa



No “o sexo dos anjos” tomei conhecimento de um interessante texto, de autoria de um militar da reserva, publicado no “Do Portugal Profundo”. Na primeira parte do mesmo o major reformado Manuel de Oliveira refere um estudo anglo-americano, no qual Portugal é qualificado como o país que melhor soube gerir conflictos bélicos em três teatros de operações simultâneos. Como complemento desta preciosa informação, implacável bofetada na mentirosa cara abrilina, indico outro importante trabalho – derivado de uma tese doutoral no King’s College de Londres: Counterinsurgency in Africa. The Portuguese Way of War (1961 – 1974), Greenwood Press (ISBN: 0-313-30189-1), do capitão norte-americano retirado, Dr. John P. Cann. Nestas páginas analisa-se a acção contra-subversiva das Forças Armadas Portuguesas durante os treze anos da guerra que nos foi movida do exterior, auxiliada pelos focos de traição interna já sobejamente conhecidos. Excusado dizer que trata-se de outro sonante estalo nas caras de abrilinos, seus camaradas estrangeiros e idiotas úteis de costume. A verdade nua e crua é que o Portugal euro-ultramarino era uma nação única. Único era o nosso modo de estar no mundo. Única foi a nossa resistência – política, económica, diplomática e militar. O Portugal desta época, um Portugal apenas português, havia cometido um pecado imperdoável: o de ter razão antes do tempo.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Um outro CV de Simon Wiesenthal

Em nome da sacrossanta liberdade de expressão, tão propalada – e nada praticada – pelos arautos da “liberdade” e da “democracia” e os seus “meios”, ou melhor, “fins” de comunicação, recomenda-se aqui um curriculum vitae alternativo de Simon Wiesenthal, o implacável caçador de nazis possíveis e imagináveis, recém falecido.

Ver em: http://www.ihr.org/leaflets/wiesenthal.shtml (Institute for Historical Review)

Chesterton – Conferência Internacional


Tem início hoje na Universidade Católica Argentina, em Buenos Aires, a primeira conferência internacional sobre Chesterton realizada na Iberoamérica. Patrocinada pelo G.K. Chesterton Institute for Faith & Culture e pela Sociedad Chestertoniana Argentina, o evento de quatro dias examinará o pensamento de Chesterton – e, sobretudo, a sua actualidade – em variados campos, tais como a evangelização da cultura, a Criação, a cultura, a juventude, a economia, o jornalismo, a filosofia e, até mesmo... a loucura.

E por falar em loucura, na loucura generalizada deste actual fim-dos-tempos, recomenda-se vivamente uma boa leitura das obras deste vitoriano e converso católico. Quem estiver farto do materialismo escravizador, do relativismo moral opressor da dignidade humana, do ateísmo militante, do mundialismo capital-socialista, encontrará nos textos chestertonianos uma grande fonte de sabedoria e senso comum – onde a fé e a razão andam de mãos dadas. Verdadeiramente um poderoso tónico.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Salazar, Charles Boxer e outro desinformador brasileiro


Carta enviada ao diário “Jornal do Brasil” do Rio de Janeiro (29-08-01) em resposta a artigo sobre o ex-espião e historiador britânico Charles Boxer – acérrimo crítico da presença portuguesa d’além-mar –, no qual o pobre articulista aproveita para despejar o seu par de coices de asno ignorante sobre a memória de Salazar.

"Senhores,

Em artigo de autoria do Sr. Cláudio Figueiredo, intitulado “Brasilianista que o Brasil esqueceu” (JB 21/8/01), afirma-se que o historiador inglês, Prof. Charles Boxer, “questionou o mito salazarista sobre a harmonia racial no império português” e “desmontou”, através de trabalho editado em 1963, “a ideologia do Estado Novo português da época”.

Lê-se e não se acredita! É simplesmente hilariante que sobre o povo que criou o “mulato” sejam agora lançadas acusações de racismo. E que a iniciativa parta de anglo-saxões torna o gracejo ainda mais divertido. Já o Sr. Figueiredo, autor da matéria, demonstra a sua abissal ignorância a respeito dos quase seis séculos de presença ultramarina portuguesa, do governo e da pessoa do Prof. Oliveira Salazar.

A integração racial no Ultramar português não foi “mito salazarista” ou “ideologia” estado-novista como deseja o jornalista, mas política do Estado e incontestável realidade multissecular, praticada desde o início da gesta dos Descobrimentos, nos alvores do século XV. E Salazar estava rigorosamente certo quando afirmou que noções de superioridade ou discriminação jamais estiveram presentes na construção das sociedades portuguesas d’além-mar. A expansão ultramarina lusa, além de pioneira, foi acentuadamente diferente da acção empreendida, bem mais tarde, por outros povos europeus: tinha por linhas mestras a missionação na Fé em Cristo, a miscigenação racial, a interpenetração de culturas, a integração numa mesma nação.

Citando o biógrafo de Boxer, o articulista refere ainda que documentos “comprometedores” — indicando a existência de discriminação racial no Império — teriam sido destruídos a mando do governo. E acrescenta que esta informação veio ao de cima com a revolução dita dos cravos. Total absurdo! Será isto apenas irresponsável desconhecimento dos factos ou propositada má-fé? A verdade é que não só as fontes documentais sempre estiveram franqueadas a pesquisadores portugueses e estrangeiros mas o próprio Ultramar estava aberto à visitação de milhares de observadores estrangeiros que, deslocando-se à vontade pelos vários territórios, puderam avaliar a realidade palpável da vida diária. Desinformar, manipular, mentir, destruir arquivos e falsificar a História são apanágio dos gloriosos artífices da revolução cravícola e dos seus herdeiros.

Quem conheceu o antigo Ultramar português — antes, é claro, da hecatombe comunista de 1974 e do consequente morticínio de milhões de inocentes — sabe muito bem do que falo, pois teve a oportunidade de observar sociedades nas quais brancos, negros, asiáticos e mestiços de vária ordem conviviam naturalmente integrados, sem que factores como “raça” e “cor” servissem de algum tipo de critério.

Dê o Sr. Figueiredo uma boa olhadela à sua volta, visite qualquer canto do Brasil e repare bem o que significou miscigenação racial e interpenetração de culturas — duas originalidades da acção colonizadora portuguesa, mas que no seu artigo prefere rotular de “mito salazarista”. É devido a este modo português de estar no mundo, e não por mero acaso, que o mais alto magistrado e o mais poderoso empresário deste país sejam produto de um caldeamento de raças, sem que ninguém, ontem ou hoje, desse por isso. E isto vale incomparavelmente mais do que as abstracções académicas ou os ranços ideológicos de quem quer que seja.

Toda acção humana, por melhor intencionada que seja, está sujeita a erros. Haverá forçosamente um passivo a confrontar um activo. Importa conhecer as intenções à partida e aferir o balanço final. E por um imperativo de honestidade intelectual — que nos dias de hoje encontra-se em extinção — cumpre diferenciar entre aquilo que é a constante, a prática generalizada e o que é a excepção, a ocorrência isolada. Relativamente à extroversão lusa no mundo, não há nenhuma dúvida de que o balanço lhe é francamente positivo, extraordinariamente positivo. Nenhum outro povo fez primeiro, ou mais ou melhor.

O Sr. Figueiredo qualifica Salazar de “ditador”. Será porque o estadista cortou o passo ao comunismo e às ideologias dissolventes? Porque exerceu a necessária e legítima autoridade dentro dos limites da moral cristã e do direito, ciente de que sem Deus, fora da Pátria e da Família não existe nada de válido, de autêntico, de duradouro? Porque sendo uma das maiores inteligências da História, viveu uma vida de absoluta integridade e total dedicação ao país? Porque garantiu o pão, a paz, o progresso material, a dignidade do povo que governava, os interesses reais e os direitos seculares de Portugal? Parece mesmo que Salazar tem de ser “ditador”: só assim Fidel Castro e criaturas semelhantes podem ser carinhosamente tratados como “presidentes” pela generalidade dos meios de comunicação.


Com os meus melhores cumprimentos"

Salazar, Mircea Eliade e um desinformador brasileiro


Carta enviada ao diário “O Globo” do Rio de Janeiro (30-01-01) em resposta a artigo sobre o “julgamento” do fascismo de Mircea Eliade e a relação deste com Salazar.

“Senhores,

O artigo intitulado “Israel julga o fascismo de Mircea Eliade”, de autoria do Sr. Ariel Finguerman, e publicado a 27/01/01, convida-me a fazer os seguintes comentários:

A matéria sobre Eliade — romancista e pensador romeno de nomeada, autoridade em filosofia e história das religiões — já traz, no seu título, a confirmação da curiosa atitude dos meios de comunicação de massa.

“Julgamentos” e “prestação de contas” são apenas exigidos quando a personalidade em exame teve qualquer ligação com o fascismo ou o nazismo — ideologias bastante distintas, apesar do esforço de certos quadrantes em amalgamá-las com o propósito de baralhar e confundir o gentio. Neste caso o entrevistador, o jornalista, o editor, rasgam as suas alvas vestes, e, autoproclamando-se defensores da humanidade ofendida, exigem a devida exautoração pública.

No entanto não há “julgamentos” nem “prestações de contas” pelas ligações de intelectuais, artistas ou outros profissionais, com o comunismo — ideologia cuja aplicação prática representou a maior barbaridade já vivida pelo género humano e orçada num mínimo de 100 milhões de mortos.

Imaginemos: Um Oscar Niemeyer “julgado” pelas suas fervorosas ligações ao comunismo soviético? Nunca! Um Jorge Amado intimado a “prestar contas” sobre o seu envolvimento com o partido comunista? Impossível! Um bom puxão de orelhas ao Garcia Marques pela devoção a Castro, este folclórico açougueiro caribenho? Em nenhuma hipótese! Vemos, sim, as meigas gentilezas e os sorrisos dos entrevistadores; lemos, sim, os rasgados elogios e as manifestações de admiração da parte dos articulistas.

Importa acrescentar que Mircea Eliade foi professor das Universidades de Bucareste e Paris (Sorbona), além da de Chicago, referida no artigo. Suas obras principais são, a par de “O Mito do Eterno Retorno”, já citado, o “Tratado de História das Religiões” e “Salazar e a Revolução Portuguesa” — Eliade foi conselheiro cultural da embaixada romena em Lisboa, de 1942 a 1944.

O articulista apoda o regime identificado com o Prof. Salazar como “ditadura”, indicando que Mircea Eliade considerava-o um “Estado cristão e totalitário baseado no amor”. Sendo esta uma frase solta, e a única referência de Eliade a Portugal existente no texto, não se percebe muito bem como é que se pode ser ao mesmo tempo cristão e totalitário, pois o próprio Eliade afirmou que Salazar sempre colocou à frente as verdades em que acreditava: “Deus, primazia do espírito, Portugal, família”.

Finalmente, gostaria de recordar ao Sr. Finguerman — que presumo ser semita — que muitos milhares dos seus foram salvos graças ao refúgio e fraternal acolhimento que a tal “ditadura” lhes proporcionou em Portugal. Um Portugal onde não se discutia Deus e a Virtude, onde não se discutia a Pátria e a sua História, onde não se discutia a Família e a Moral, onde não se discutia a glória do Trabalho e o seu Dever.

Tudo isto é hoje classificado de “ditadura” e “fascismo” — para que o seu exacto contrário possa ser chamado de “liberdade” e “democracia”.

Com os melhores cumprimentos"

sexta-feira, setembro 16, 2005

Há 50 anos era derrubado Perón


16 de setembro de 1955. Há exactamente meio século uma rebelião militar derrocava Juan Domingo Perón na metade do seu segundo mandato. Governava havia dois lustros e alterara a face da Argentina. Sigue sendo uma personagem que incita amor incondicional ou ódio visceral: para a direita era de esquerda, um insuportável socialista; para a esquerda era de direita, um perigoso nazi-fascista. Para milhões de argentinos foi o “Gran Conductor”. Agarrou um país rico, tornado ainda mais rico com o fornecimento de carne e trigo aos beligerantes da II Grande Guerra. Quis transformar um país agrícola e livre-cambista em um país industrial, tendente a autarquia. Bateu forte na galinha dos ovos de ouro – os “estancieiros”, os grandes latifundiários produtores agro-pecuários e criadores da riqueza nacional. Com os recursos extraídos destes deu início a uma maciça industrialização, enquanto distribuía benefícios sem conta aos trabalhadores. Criou um sector sindical de vastíssimas proporções com um protagonismo político e económico sem igual. Instituiu um governo de forte autoridade – para muitos uma ditadura – com traços de culto à personalidade e que não permitia grandes espaços à oposição. Afirmava rejeitar igualmente o capitalismo e o comunismo, os imperialismos plutocrático e marxista. Apostava numa terceira via: a sua doutrina, o “justicialismo” – consubstanciada na "soberania política", na "independência económica" e na "justiça social". Um rígido e burocrático controlo económico criou vastas oportunidades para a corrupção. Muitos estão convencidos de que neste receituário encontram-se várias das razões que explicam o declínio daquele que chegou a ser, por alturas de I Grande Guerra, um dos países mais ricos do planeta. No dia 16 de setembro de 1955 dispunha dos meios de força para manter-se no poder mas optou por não resistir (três meses antes outra rebelião militar saldou-se com mais de trezentos mortos na emblemática “Plaza de Mayo”). Esteve dezoito anos no exílio, treze dos quais na Madri franquista. Enquanto na Argentina o governo militar procurava eliminar tudo o que recordasse o líder deposto, chegando mesmo a proibir que o seu nome fosse pronunciado ou escrito, Perón, desde o exílio, demonstrava sobejamente um poder e um carisma absolutamente extraordinários. Conseguiu “negar” tranquilidade a qualquer governo constituído contra Perón ou sem Perón. Obteve o reconhecimento de todas as facções ideológicas de que para chagar às massas o caminho obrigatório era Perón. Reuniu sob o seu mando forças antagónicas, da esquerda marxista à direita fascizante. Manipulou todos os grupos com extraordinária mestria, fazendo com que cada facção julgasse representar o autêntico pensamento do estadista exilado. Inabalável na estratégia, foi flexibilíssimo na táctica. Utilizou-se de cada grupo para um fim específico, de acordo com cada momento histórico ou janela de oportunidade. Por exemplo, incentivou as acções armadas de grupos clandestinos marxistas para pressionar os governos militares. Por fim logrou atingir o que almejava: regressou definitivamente à Argentina e foi eleito presidente pela terceira vez. Teve de enfrentar a rebeldia da organização terrorista “Montoneros”, a qual havia incentivado, mas que nas novas circunstâncias devia ser desmobilizada e disciplinada. Para tanto diz-se que resolveu usar uma mesma força mas de sinal contrário – um grupo armado da ala direita, fascizante. Foi a guerra intra-peronista. Morreu a 1 de julho de 1974, nove meses após ter iniciado o seu terceiro mandato presidencial. A violência política prosseguiu na sua senda de horror e as vítimas do terrorismo e da guerrilha caíam diariamente. Agreguemos a isto a proverbial incompetência de sua esposa e sucessora – sob a influência de um “bruxo” esotérico armado em conselheiro e ministro todo-poderoso – e uma forte crise económica. A população e os políticos clamavam pelo fim da bandalheira. As condições para a intervenção militar estavam dadas. E esta tem lugar a 24 de março de 1976.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Um teorista da conspiração entre os conselheiros de Blair?


Há poucos dias o Daily Telegraph de Londres (ed. 12-9-05) noticiou que um dos conselheiros de Blair, o advogado muçulmano converso Ahmad Thompson (anteriormente Martin Thompson e cidadão rodesiano) afirmara que a decisão do governo em atacar o Iraque havia sido o resultado de pressões exercidas por um “sinistro” grupo judaico-maçónico para o qual derrubar Saddam Hussein seria a chave para dominar o Oriente Médio. O diário igualmente refere que Thompson publicou em 1994 um livro no qual afirma que maçons e judeus controlam os governos europeus e americano. Confrontado com o questão, um porta-voz de Blair comentou que o governo tem o hábito de consultar vários especialistas sem que isso signifique concordância com os pontos de vista expressos. Ainda bem que este adepto de uma teoria da conspiração judaico-maçónica para o domínio planetário faz parte do círculo de conselheiros do trabalhista Anthony Blair. Imaginem a escandaleira se tal personagem assessorasse algum perigoso fascista...

segunda-feira, setembro 12, 2005

Descolonizador exemplar "fascinado" por Salazar?

O milionário descolonizador exemplar deixou o gentio baralhado. Não tive a desdita de ver o semblante do Judas dos ultramarinos na TV, mas, segundo informa o Aliança Nacional, o mesmo teria referido numa entrevista que estava a trabalhar numa biografia de Salazar, personagem que considerava “fascinante”, tendo governado por quarenta anos, etc. Ouve-se e não se acredita – será mesmo possível?

Ora quanto a biografia – trabalho de algum ghostwriter, já que a sumidade abrilesca nunca foi dada a muito esforço, a não ser do tipo honoris causa – não seria difícil imaginar o resultado: tratar-se-ia simplesmente de compor o retrato de Salazar através do seu exacto contrário. Aqui o biógrafo simplesmente assacaria os seus próprios defeitos e sombras à pessoa do biografado. Descolonizador exemplar = anti-Salazar; Salazar = anti-descolonizador exemplar. Fácil.

Relativamente ao repentino fascínio pelo antigo presidente do conselho, não seria de todo descabido formular algumas hipóteses:

1. Arterosclerose?
2. Alzheimer?
3. Demência senil?
4. Retorno da razão?
5. Arrependimento?
6. Sincera conversão?
7. Receio do juízo final?
8. Aldrabice e lábia larga de costume?

Para Antero da Silva Resende, director do finado “O Dia”, os próceres abrileiros, ao vislumbrarem no horizonte o inevitável ajuste de contas com a história, empregariam todos os meios possiveis e imagináveis para evitar a comparação com Salazar. Apavoram-se.

Franco Nogueira, na sua definitiva biografia de Salazar, escreveu (ja lá vai um bom quarto de século) que os abrileiros, quando distantes das câmaras e dos comícios, andavam mesmo é a estudar a vida de Salazar a fim de descobrir a receita para a sua longevidade política. Para o antigo chefe da diplomacia portuguesa o que estes sujeitos possuem mesmo é “ambição de mando”, algo que justamente não possuía Salazar.

Last but not least, recomendo vivamente o texto de Manuel Maria Múrias, em Salazar sem Máscaras (Nova Arrancada, Lisboa, 1998), onde pulveriza o descolonizador exemplar com uma ácida psicanálise do próprio, a partir do retrato que este traçara de Salazar, sobre quem curiosamente projectava os seus próprios complexos em relação ao progenitor.

Pessoalmente fico com uma combinação das hipóteses 8, 7 e 1, respectivamente com 70%, 20% e 10%. Aldrabice e lábia larga são atributos essenciais do multi-doutor honorário. Concedo porém que talvez uma arterosclerose tenha alterado o seu juízo. Como este sempre funcionou às avessas, é provável que a senilidade, na sua missão de baralhar e confundir a razão humana, esteja a provocar súbitos espasmos de endireitamento mental, levando o republicano-laico-socialista a vislumbrar, quem sabe, a hipótese de um juízo da história, uma comparação implacável da sua insignificância e da grandeza de Salazar, talvez até mesmo uma prestação de contas ao Criador.

sexta-feira, setembro 09, 2005

O salvador da URSS


Decisiva para o desfecho da chamada II Grande Guerra foi a decisão de Rosenfeldt, ou melhor, Roosevelt, de armar a União Soviética estaliniana. O presidente americano, de certeza embalado na doce melodia dos “amanhãs que cantam”, enviou ao camarada georgiano 490.000 camiões (a ofensiva “aliada” na Europa utilizou 420.000), 23.000 aviões e canhões anti-aéreos, mais de 10.000 blindados de combate, 2.000 locomotivas, 11.000 carruagens de combóio, centenas de milhões de litros de combustível, quase 20 mil milhões de dólares em fornecimentos diversos, etc. Como resultado da simpática atitude do velho Franklin meia Europa – e não só – pagou a factura com sangue e escravidão por meio século. Ásia, Ibero-américa e África foram devidamente contempladas com o respectivo quinhão. A factura portuguesa foi enviada em parcelas e foi pesada – afinal, um Portugal euro-ultramarino e ainda mais governado segundo o interesse nacional era um estorvo inaceitável para os senhores planetários. A 25 de abril de 1974 Portugal embarca alegremente na auto-mutilação – a “factura” seria e foi paga com juros e multas. Podem os próceres que cravaram Portugal limpar as patas à parede, ao muro das lamentações dos portugueses ultramarinos, brancos, negros e mestiços, imolados para a satisfação dos apetites ideológicos e materiais de uma cáfila de delinquentes.

Euro-Ultramarino


O título deste blog – euro-ultramarino – reflecte o carácter único da Nação Portuguesa durante dois terços de sua existência. Ser “euro-ultramarino” foi cumprir a missão histórica nacional, foi realizar as obras que nos singularizaram, foi a síntese de nossa intervenção na marcha do povos. Este vocábulo reafirma orgulhosamente uma identidade que jamais poderá ser varrida da memória daqueles que tiveram o privilégio de a conhecer, de a sentir, de a compartilhar. Que os traidores regozigem-se com os trinta dinheiros da sua infame traição, que os profissionais da mentira continuem a lavar os cérebros – jamais conseguirão apagar do registo humano a obra de vinte gerações de portugueses. Mas dizem que Portugal, hoje reduzido a estado exíguo e insignificante pela gloriosa abrilada, é terra de brandos costumes. Talvez por isso o holocausto provocado em Angola, Guiné, Moçambique e Timor – uma tétrica contabilidade ainda por completar. “Brandos costumes” certamente para os responsáveis por este crime hediondo, a quem as vidas de vários milhões de inocentes, para não mencionar a integridade deste ente chamado Pátria (de impossível compreenção para as cabecinhas abrilinas). A verdade é que no Portugal rectangular está tudo invertido... Há muito tempo um grupo de cidadãos tentou mover um processo contra os “descolonizadores exemplares”. Uma escandalosa intervenção do governo e da assembleia da república neutralizaram a iniciativa a meio do caminho – fantástico exemplo de independência mostesquieuiana dos poderes, como bem convém às sólidas convicções democratóides das figuras deste regime que cravou Portugal. Para breve, aqui, um desenvolvimento detalhado do tema: nomes, factos, datas. A vergonha do Portugal da impunidade "exemplar".

segunda-feira, setembro 05, 2005

Uma entrevista de Salazar para a Argentina




Bernardo Neustadt é uma referência jornalística na Argentina. Testemunha privilegiada e protagonista de momentos-chave na história do país, inaugurou e dominou os programas televisivos de entrevistas.

Aqui reproduz-se uma interessante entrevista concedida por Salazar a Neustadt, em Lisboa, no ano de 1968. Em junho de 2005, durante a sessão de lançamento de mais um livro que busca explicar as sucessivas crises que se vem abatendo sobre a Argentina e que culminaram com a débâcle económica e política de 2001, relatou o jornalista como o encontro com Salazar o havia marcado. Na altura sentira-se ofendido com o diagnóstico emitido de chofre pelo asceta de São Bento. O passar do tempo fê-lo reconhecer o acerto da análise e o carácter profético do juízo emitido. Hoje, arrependido de sua reacção inicial, rende homenagem diária ao estadista português.

Dizia Bismarck que os grandes povos aprendem com a experiência alheia; os medíocres, com a sua própria e que os incapazes não aprendem nunca. Os portugueses tiveram o raro privilégio de encontrar um Salazar que restaurou a Nação e recolocou-a na sua senda de destino histórico. Aprenderam a lição? Não. Optaram por deixar que um grupelho de desqualificados fizesse tábua rasa do esforço de duas gerações capitaneadas por um homem de génio.

Agora colhem os frutos bem maduros.


REVISTA EXTRA - AÑO IV - Nº 35 - JUNIO 1968
40 AÑOS EN EL PODER
Entrevista a António de Oliveira Salazar

Entre 1910 y 1926, Portugal tuvo 8 presidentes de la República, y de todos ellos, UNO SOLO, cumplió con le mandato constitucional. En esos 16 años hubo 44 ministerios, con una duración media de cuatro meses cada gobierno. Un gabinete duró 12 horas. Otros, llegaron a 8, 11, 19, 23 y 32 días. En un Portugal individualista, así de conturbado, surge a la luz pública un experto economista, Antonio Oliveira de Salazar, nacido el 28 de abril de 1889 –tiene ahora 79 años- en una pequeña aldea, Vimieiro. Hijo de unos modestos agricultores, Antonio y María do Resgate Salazar-, desde la Universidad de Coimbra, asiste al penoso proceso de desmembración de la conciencia nacional portuguesa. Entonces decide ingresar al Centro Académico de la Democracia Cristiana, para tener una vitrina ideológica. En 1914 se gradúa en derecho; en 1917, obtiene el cargo de, profesor ayudante. En 1921 es elegido diputado católico en el Parlamento, y 5 años después, se produce la revolución que encabeza el mariscal Gomes da Costa. Lo llama a Oliveira Salazar y lo designa ministro de Hacienda. Dicta una orientación; exige una severa disciplina administrativa. Las condiciones son muy duras y entonces su programa no es aceptado íntegramente. Renuncia. Dos mese estuvo en la función; Oliveira Salazar juega al TODO o NADA. Portugal sigue a los tropiezos; en abril de 1928 –ahora se cumplieron 40 años- es nuevamente convocado a gobernar; entonces exige como condición la aplicación integral de un plan económico y de una reforma total de la estructura jurídico-político que albergaba el caos portugués.

Desde entonces, el profesor Oliveira Salazar gobierna, ampara, conduce a Portugal. Por su puesto ha recibido todos los motes propios de "los gobiernos que ponen orden en la casa" y rompen con el viejo sistema liberal. A Salazar se le dice desde Dictador hasta Totalitario, y se le aplican "ismos" con que el mundo de la etiqueta fácil suele descalificar el resultado de una obra. Para encontrarse con esa realidad, Extra estuvo en Lisboa exactamente el día que el profesor Oliveira Salazar –ahora presidente del Consejo del Gobierno- cumplía 40 años de PODER-PODER. Nunca había recibido a un periodista argentino, ni sudamericano. Además, hace ya tiempo que prefiere los largos silencios y la meditación al escaparate. Desde esa suerte de retraimiento, gobierna un Portugal sano, brioso, que se permite además el lujo de inmenso de mantener provincias africanas, en un ideal estado de convivencia, y donde el "natural" se siente totalmente portugués. 8 millones de almas en unos 160.000 km. cuadrados de Portugal, y 15 millones en Angola, Mozambique, Guinea, Macao, saben que el nombre de Oliveira Salazar, significa orden, estabilidad, progreso sin gritos.

"Renuncié a la emoción"

Durante 70 minutos Extra conversó con Oliveira Salazar, un obstinado célibe, de cuya soledad, misticismo y honestidad, hay pruebas concluyentes. Este fue el diálogo:

Antonio de Oliveira Salazar: ¿Qué les pasa a los argentinos...? ¡Qué lástima!...

Extra: Estamos buscándonos por dentro... Revisando nuestro estilo de vida. Como Uds. en 1928.

Oliveira Salazar: Yo recuerdo que por el año 1930, los pocos argentinos que llegaban a Lisboa se mostraban tan orgullosos del país que hasta me aseguraban que "la Argentina hacía llover cuando quería..." Y en los últimos años, los argentinos que pasan por aquí, sólo se quejan... se quejan... ¡Qué lástima!

Extra: Hemos tenido 7 presidentes en 22 años. Más de 200 ministros...

Oliveira Salazar: Claro, la continuidad es muy importante. Pero, además, los pueblos de América y los países del sur de Europa no pueden darse el lujo –creo yo- de vivir en una democracia representativa liberal parlamentaria. Porque tenemos mucha pasión. Y la pasión escinde. Desordena. Impide construir. Tuve que renunciar a la emoción para gobernar... No puedo evanecerme, puesto que no realicé todo lo que deseaba... Pero ejecuté lo suficiente para que no se pueda decir que fallé en mi misión. No siento, pues, la amargura de los que merecida o inmerecidamente no vieron coronados sus esfuerzos y maldicen a los hombres y a la suerte. Ni siquiera me acuerdo de haber recibido ofensas que me lleven a ser menos justo. Por el contrario; en este país donde tan a la ligera se aprecia y desprecian los hombres públicos, gozo del raro privilegio del respeto general... PUDE SERVIR...

Extra: Sin embargo hay gente que sostiene que tras 40 años de gobierno, Portugal pudo crecer más...

Oliveira Salazar: En política lo que valen son los resultados. El dirigente tiene que calcular la cantidad de ideal que soporta lo real y la dosis de libertad compatible con la salvaguardia de la autoridad y el mantenimiento del orden. Cuando llegué al Poder podía haber enajenado la nación con pedir préstamos al exterior. Un gran proceso de industrialización rápido, urgente y equivocado... No... De ningún modo; Portugal tenía que optar entre ESTAR MEJOR y SER MEJOR. Prefirió SER MEJOR...

Extra: Hemos visto mujeres y hombres de larga edad torcidos, sobre los hermosos campos, en minifundios marcados por el tiempo. Sin asistencia técnica casi... ¿Es un problema económico, educacional?

Oliveira Salazar:: Es un problema sentimental. Nacieron allí. Trabajaron así... Los estamos convenciendo de que acepten por lo menos las Cooperativas para unirse allí, adquirir maquinaria y cambiar el método. ¿Pero usted cree que a mí, realmente me puede halagar que la gente se sienta esclava de la tierra, encorvada por la vida...? Una vez yo tenía un campo similar al de un vecino. Igual dimensión, igual cultivo. Lo quise cambiar. Entonces él me contestó: "NO SEÑOR DOCTOR... Yo sé que es igual que el suyo... Pero aquí yo venía cuando tenía 8 años con mi abuelo y la cabra... No lo puedo trocar..."

Extra: ¿Lo asusta la transformación?

Oliveira Salazar: (riendo mucho, mucho...) No me conoce usted. No quiero hacer pagar a mi país el precio caro de las transformaciones cuyo valor está todavía a demostrar... Por ejemplo, creo que en ese error incurrió la Argentina; seguí el proceso de Perón que parecía interesante, pero que se desvió. Llevar a un país de estructura agrícola – ganadera sin más ni más a un proceso industrial sin transición es peligroso y ruinoso...

Extra: ¿Entonces usted qué hizo al encontrarse en el Poder?

Oliveira Salazar: Me encontré con un país desordenado y endeudado. Sin fervor. Primero, como le dije, no volver a recurrir al crédito internacional sin sentido. Resolví que el camino más indicado si queríamos Seguir siendo PORTUGAL, era el que adoptan los católicos a la hora de la cuaresma: AYUNAR. Crecer demasiado pronto hubiera sido tentar al fracaso demasiado rápido. El estado no debe ser señor de la riqueza nacional, ni colocarse en condiciones de ser corrompido por ella. Para ser árbitro supremo de todos los intereses, es preciso no dejarse maniatar por ninguno de ellos... Sin cerrar los ojos a las enseñanzas que otras formas de organización traen como remedio, consideré como saludable para el cuerpo social un margen amplio concedido a la iniciativa privada y hasta a la competencia, siempre que EL ESTADO MANTENGA LA POSICION DE ARBITRO SUPREMO ENTRE LOS INTERESES EN JUEGO. Hubo que poner mano dura. No lo niego. Pero en circunstancias así, cada uno procura bastarse a sí mismo y es inútil en las economías que tienen la agresividad enfermiza de la miseria, encontrar fórmulas de colaboración amistosa...

Extra: ¿Qué es el socialismo de Estado?

Oliveira Salazar: Es un régimen burgués por excelencia. La moneda es una medida delicada, destinada a servir y no a dominar...

Extra: Según usted, la democracia representativa parlamentaria es contraindicada para países de América y sur de Europa. ¿Por qué?

Oliveira Salazar: Porque tienen muchos Jefes. Mucha deliberación. Escaso resultado. Aquí la Asamblea Nacional funciona 3 veces al año. Nada más. Los ministros no van a su seno, sino a las comisiones. No queremos discursos espectaculares y ataques indiscriminados para "salir en los diarios". Somos un país pequeño con problemas serios y no podemos abrir frentes de debilidad con el sólo fin de proclamar que "jugamos a la democracia".

Extra: A su juicio, ¿cómo hay que crecer?

Oliveira Salazar: Con inteligencia. Ustedes los argentinos, por ejemplo, deberían crecer desde el campo hacia la industria, elaborando al pie de los trigales los productos manufacturados. Y no intentar aventuras.

Extra: Pero en un mundo tecnológico, urgido, eso significa no ya crecer despacio, sino estancarse...

Oliveira Salazar: Le insisto; hay que elegir ESTAR MEJOR O SER MEJOR...

Extra: ¿Me permite que le cuente una anécdota que puede afectarlo?

Oliveira Salazar: Como no...

Extra: Los otros días en Coimbra, concurrí a visitar una República de Estudiantes. En el cuarto de uno de ellos, estaba inscripta en la pared una frase suya: "Sin el consentimiento del pueblo no se puede gobernar un minuto... Salazar". Debajo de ella el ocupante de la habitación había escrito en rojo vivo: ENTONCES PORQUE NO SE VA...

Oliveira Salazar: (con una extraña y larga sonrisa que le nacía en los ojos ampliaba las comisuras de los labios). Sí... me imagino. A ese joven universitario usted le pregunta: ¿Lo quiere a Salazar? Le contesta: NO. Pero le pregunta: ¿Y a quién quiere? Y él no sabe. La juventud del mundo sabe TODO LO QUE NO QUIERE. En eso coincide. Pero no sabe lo qué quiere... Ellos forman EL PARTIDO DE LOS QUE NO QUIEREN PARTIDOS.

Extra: ¿Cómo ve usted desde su balcón el problema de la Sorbona, del fragor de lo que hoy vive París...?

Oliveira Salazar: Con mucha preocupación. Le aseguro. Puede ser un polvorín. Creo que mi buen amigo De Gaulle tras decir las palabras justas fue cediendo. Y eso es muy peligroso. Fíjese; en Europa hay un gran jefe: De Gaulle. Pero como tiene resentimientos inolvidables contra EEUU y con Inglaterra, cada vez que habla, siempre rosa de paso a sus adversarios.
Esto no, esto no, esto no... Me hace acordar al chico de Coimbra; sabe lo que no quiere... Si De Gaulle invirtiera los términos y empezara a sazonar lo positivo...

Extra: Justamente hablando de crecimiento, España se desarrolla vertiginosamente y no como es su gusto, profesor...

Oliveira Salazar: Nosotros y España somos dos hermanos, con casa separada. Tan vecinos que podemos hablarnos desde los balcones, pero seguramente más amigos por ser independientes y celosos de nuestra autonomía. Miro con alegría el esfuerzo español. Su progreso. Me acuerdo que al término de la guerra mundial, cuando España fue prácticamente BOYCOTEADA por casi todos los países, solo dos naciones permanecieron a su lado; dejando sus embajadores y siguiendo las relaciones comerciales: la Argentina y Portugal. Hoy –recién hoy- todos admiran la labor de Franco... En fin... Pero le digo también que el crecer como España supone un riesgo; despersonalizarse. Esto no invalida mi admiración...

Extra: Permítame otra irreverencia; aquí en Portugal se practica abiertamente la Censura de Prensa...

Oliveira Salazar: Es extraño que usted no nos llamó "incivilizados" por eso. Le quiero aclarar; existe Censura previa, pero no se practica. Después de tantos años, los periodistas ya saben lo que NO DAÑA A LA NACION. No podíamos permitirnos, le repito, "el lujo de la libertad". A veces cuando leo algún editorial, se queja de una censura previa que solo figura en las normas, llamo a los periodistas y le propongo: suprimo la norma de censura previa, pero ordenamos el secuestro de toda publicación que atente contra seguridad del país y de sus instituciones. Entonces todos saltan y dicen: "¡NO... Preferimos el actual estado de las cosas...!" Es que hay que saber vivir en libertad con responsabilidad.

Extra: Otra cosa que molesta "AL MUNDO" es que Portugal insista en mantener la autoridad sobre Angola, Mozambique, Macao...

Oliveira Salazar: ¿Al mundo? No. A los intereses del EXTRAÑO MUNDO... Angola, Mozambique, Guinea, Macao, son provincias portuguesas, de notable identificación. De estupenda convivencia. La mala información norteamericana lleva a confundir las cosas. Es raro que un país que no logra que el seno de su sociedad pueda integrarse pretos y blancos, intenten en el Africa que los pretos se autogobiernen, en una actitud que llamó demagógica e irresponsable. Piden la libertad fuera de sus límites, pero tiene problemas raciales insolubles dentro de sus fronteras. Y no sé realmente si un día no nos levantamos y estamos ante una guerra civil en EEUU.

Extra: ¿Sostiene usted entonces que los países del Africa no se pueden autogobernar?

Oliveira Salazar: Así es...

Extra: Pero, ¿cuándo podrán?

Oliveira Salazar: Es un problema de siglos. Dentro de 300 a 500 años... Mientras tanto tendrán que ir participando del proceso... Llámelo a eso neocolonialismo o como quiera, si la palabra está agotada...

Extra: ¿Y mientras tanto cuánto tiempo más podrá Portugal soportar la guerra terrorista...?

Oliveira Salazar: Indefinidamente. Es apenas en la frontera y son mercenarios. Nos cuesta 6 millones de contos que salen íntegramente del presupuesto natural... de mayores ingresos...

Extra: Pero la juventud que tiene que ir allí se queja...

Oliveira Salazar: Extraño. Porque una estadística prueba que se afirma el sentimiento nacional. Y que el 40% de los que retornan a Portugal tras cumplir la exigencia militar, vuelven a instalarse en Luanda, o en Mozambique... Conocen el país integralmente y aprenden a amarlo... Porque defenderlo es amarlo...

Extra: Le quiero hacer una pregunta difícil... Complicada...

Oliveira Salazar: Ya sé; como tengo 79 años, muchos preguntan qué va a ocurrir e Portugal cuando yo no esté... Pues nada. Respetando las instituciones creadas, no pasará nada. El Presidente de la Nación designará un nuevo Presidente del Consejo de Gabinete...

Extra: ¿Pero hay quién lo pueda suceder?

Oliveira Salazar: Hay figuras insospechadas...

Extra: Hágame nombres. Porque sino habría que buscar a Diógenes y su linterna...

Oliveira Salazar: (amplia risa). No. No hará falta... Lo único es que habrá que tener paciencia al principio y DARLE PLAZO PARA GOBERNAR. No apurarse... Darle tiempo...

Extra: ¿Qué le pediría usted a la Argentina...?

Oliveira Salazar: Que nos conociera un poco más... Conocernos, conocernos...

Extra: Nosotros también buscamos un estilo de vida o un sistema...

Oliveira Salazar: Sí, pero no hable usted de corporativismo en su país que lo van a acusar de facista... Este traje portugués a lo mejor no le queda bien al país, pero algunas experiencias que tenemos para administrar y conducir, pueden ser dignas de estudio... Aquí los intereses de los más están representados; tenemos una Cámara Política, la Asamblea Nacional y una cámara de carácter eminentemente social que es la Cámara Corporativa. Aquí no falta ningún sector de interés. Empresarios, obreros, profesionales, técnicos, profesores universitarios. Tan mal no nos ha ido; el analfabetismo que era de un 70% en 1928 fue anulado totalmente en cuanto a la población con edad escolar; el producto bruto nacional se elevó en un 65% en los últimos 10 años; la producción industrial subió de 9 millones de contos, en 1938, a 50 millones de contos en 1967; la tasa de producción de electricidad pasó de 187 millones klw/hora en 1926 a 5.200 klw/hora en 1967. La organización mundial de la Salud ha felicitado a Portugal por su capacidad sanitaria; se cuadriplicaron las escuelas primarias. Liceos universidades, en Portugal, en Angola y en Mozambique, son otras pruebas innegables de que hemos trabajado en un tiempo en que se habla mucho, todo parece depender de los subsidios y ayuda técnicas y esto lo hemos hecho SOLOS.

Extra: Ustedes tienen relaciones diplomáticas y comerciales con Cuba...

Oliveira Salazar: Eso no puede causar extrañeza. Si Estados Unidos obligado a desempeñar casi un papel de Gendarme Mundial, aboga y practica una política de acercamiento de relaciones comerciales y hasta de auxilio a países del bloque socialista; no veo yo que Cuba amenace más la seguridad del Hemisferio Occidental más de lo que la amenaza Rusia... Yo veo que la República Arabe Unida o Ghana, hostilizan públicamente a EEUU y, sin embargo, no cesan de recibir ayuda. Washington tiene una política muy extraña.

Extra: Por fin, profesor Salazar, ¿prevé o favorece usted algunas mudanzas en el sistema político portugués para los próximos años?

Oliveira Salazar: 40 años no es nada en la vida de un pueblo. Nada... Sin embargo, hemos avanzado. ¿Sabe lo que pasa? Hoy ya no hay grandes partidos; HAY PATRULLAS POLITICAS por un lado y por el otro, ESTADOS MAYORES POLITICOS sin fuerzas importantes que lo sigan... Hay mucha gente sedienta de cambio. Todos podrían unirse, pero sólo lo hacen para la subversión. No podrían gobernar un minuto. No se puede ser liberal y socialista al mismo tiempo. Además, frente al orden ofrecen el caos... Esta experiencia es la que mejor se ajustó a nuestro modo de ser. Claro; hubo errores, injusticias, deficiencias, atrasos, abusos; todo eso lo podemos admitir, porque nada es bastante para destruir el valor de la comparación. El orden, la tranquilidad pública, el crecimiento educacional y cultural, el prestigio, la cohesión nacional, todo eso, aceptamos, que con otras personas se hubiesen podido conseguir; CON OTROS PRINCIPIOS, NO. Lo que está indicado no es volver al desorden parlamentario y a la debilidad de los gobiernos. No es destruir la experiencia que se acreditó por su eficacia, sino renovarla en personas y métodos, pero proseguir... El liberalismo económico murió. Y nosotros somos por tanto, libres de tener una organización. Fuimos hacia la organización corporativa. Y nos dio la síntesis deseable de los intereses. Sustituimos la lucha de clases. En fin... El Poder cansa, gasta, disgusta a los que lo soportan, incluso cuando no hay razón. Son como los enfermos; volviéndose al lecho, siguen con los mismos dolores, pero les parece que están mejor... Yo siempre he sido refractario a mudar por mudar. Comprendo las impaciencias o las necesidades políticas, para cuya creación, NO DESEO CONTRIBUIR. El inmovilismo es terrible; pero cambiar el orden por el caos, es peor. Estoy siempre preparado para partir; no digo sin disgusto, pero sí, sin desilusiones...

sexta-feira, setembro 02, 2005

"Democracia"




Pouco após o falecimento prematuro de Jacques Bainville (1879-1936), Charles Maurras assim definia os valores daquele genial historiador do futuro:

“O que Bainville mais amava? A verdade.
A seguir a verdade? A língua francesa.”

“E, para Bainville, o que estava abaixo do nada? O falso.
E ao nível do nada? A democracia.”


Mal iniciado o século XXI, a politicalha continua a berrar “democracia”. Calam-se bocas pela “democracia”, encarcera-se pela “democracia”, tortura-se pela “democracia”, mata-se pela “democracia”. O voto de um analfabeto vale tanto quanto o de um catedrático; o de um pedófilo ou narco-traficante, o mesmo que o de um homem de bem; o de um miúdo fumador de charros, tanto quanto o de um missionário; o de quem é sustentado e improdutivo, igual ao de quem produz e paga impostos. A ditadura aritmética das maiorias numéricas – obtidas com altas doses de corrupção, demagogia e manipulação – destrói a lei natural, aniquila as noções do bem e do mal, erige o relativismo em falsa divindade. Parte-se um povo em “partidos” e jogam-se uns contra os outros numa frenética e insana competição – na qual tudo é válido – para a satisfação de interesses grupusculares e muitas vezes escusos, em detrimento dos interesses colectivos, reais, permanentes, nacionais. Ao contrário do que muitos pensam, a verdade é que vivemos o fim de um tempo. O sossobrar desta “democracia” igualitária, demagógica, corrupta e ateia já pode ser visto no horizonte. A cada dia mais e mais gente dá-se conta do engodo duplamente secular e da incapacidade do Estado “democrático” em cumprir com as suas funções. Impõe-se, portanto, viver sem ele. Dir-se-ia que a tão difamada e condenada Idade Média está a ultimar o seu regresso – com as suas cidades muralhadas, os seus bastiões, o seu sentido de honra e dever, o seu espírito de cruzada.

Gabriel García Moreno: Estadista e Mártir



Nasceu em Guayaquil, Ecuador, na noite de Natal de 1821. Devotado católico, foi duas vezes presidente da república (1860-1875). Foi assassinado por delinquentes maçons às portas da catedral de Quito, a 6 de agosto de 1876. Ao cair, identificando a origem dos matadores, ainda teve forças para dizer: "Deus não morre!". Leão XIII qualificou o Ecuador governado por García Moreno como o "modelo de um estado Cristão". A actuação governativa deste mártir foi a síntese da doutrina Cristã aplicada à actividade política: "liberdade para tudo e todos, excepto para o mal e os praticantes do mal". (elementos recolhidos de "Gabriel García Moreno, Statesman and Martyr, por Gary Potter, http://www.catholicism.org/pages/moreno.htm)

quinta-feira, setembro 01, 2005

Abraça-terrorista novamente em Belém?


Aquilo que mais impressiona já não é a barbaridade das patifarias cometidas pela sinistra criatura de lábia larga e aldrabona, mas sim que ainda exista neste resto de país uma enorme audiência prostada e extasiada diante de tal personagem. Quem, neste patético crepúsculo nacional -- comemorado com incomparável entusiasmo por pacóvios e sofisticados -- é pior? O abraça-terrorista que esquartejou Portugal e entregou os pedaços ao comunismo soviético, atirando milhões de inocentes para um banho de sangue, ou aqueles que o bajulam e veneram? Se cada povo tem o governo que merece, cada povo também tem o fim que merece. E o povo português parece comprazer-se em o fazer com infinita ignomínia.